Deivid Santos

Da magia à sedução é o nome de um filme americano, protagonizado por Sandra Bullock e Nicole Kidman, que conta a história de duas irmãs que nasceram em uma família de bruxas. Por alguns motivos, quando crianças, as irmãs decidiram não se envolverem com feitiçaria, mas na idade adulta, após um acidente, elas retomaram a feitiçaria para resolverem alguns problemas.

Desde criança aprendemos a acreditar na fantasia, magia, em milagres ou que outras pessoas resolverão nossos problemas. Isso fica muito claro nos desenhos infantis em que os personagens passam por diversas situações difíceis, mas por um passe de mágica ou fantasia tudo se resolve. Além dos desenhos, os próprios pais ou cuidadores acabam sendo agentes mágicos para as crianças porque eles resolvem situações sem elas perceberem o que produziu aquela mudança. Um comercial de 2018 deu um exemplo disso. No comercial do dia das mães em que o menino conta ao avô que tem superpoderes que lhe permite se teletransportar. O menino chegou a essa conclusão porque sempre que dormia no sofá, ao acordar estava em sua cama. Posteriormente é mostrada uma cena em que o menino cochila no sofá e sua mãe o carrega até a cama enquanto o mesmo continua dormindo.

Na adolescência, a crença na fantasia se reduz consideravelmente e na vida adulta mais ainda. Todavia, a fantasia acaba dando lugar a crenças religiosas de qualquer natureza. Enquanto terapeuta, tenho visto isso no contexto clínico. Observo esse relato a partir de relatos do tipo: “DEUS PROVERÁ”, “TENHO FÉ”. Outros relatos, que tenho ouvido, não estão relacionados ao sobrenatural, mas são relatos que depositam a resolução dos problemas em outras pessoas. Nesse caso, os relatos são do tipo: “ELA VAI PERCEBER QUE PRECISO DE AJUDA”; “VOU ESPERAR ELE ME CHAMAR PARA SAIR”…

Não há problema em acreditar em milagres ou até mesmo na fantasia. A questão é a seguinte: porque depositar a responsabilidade em terceiros (divindade, pais, parceiros, amigos, fantasia etc.) quando você mesmo pode resolver a situação?
O mais interessante da ficção (filmes, séries, desenhos, literatura etc.) é que mesmo com superpoderes, as personagens precisam solucionar conflitos sem a ajuda da magia ou dos superpoderes. No caso do filme “Da magia à sedução”, mesmo podendo recorrer a magia, as irmãs precisam tomar decisões sobre o que fazer com a magia e arcar com as consequências de suas decisões. Quem já assistiu o filme do Superman também deve ter percebido que mesmo sendo tão poderoso, Kal-El ou Clark Kent vivencia muitos conflitos e precisa tomar decisões que não podem ser resolvidas pela sua força kriptoniana. Constantemente ele precisa decidir se revela sua identidade para Lois Lane, se continua ajudando a salvar o planeta da destruição ou se abandona tudo para levar uma vida pacata e assim por diante. Além disso, ele sabe que tais decisões terão consequências, algumas das quais seriam bem difíceis de suportar.

Então, porque as pessoas continuam esperando as coisas se resolverem por mágica/milagre/etc.?
Acredito que há pelo menos dois motivos:
1 – Crescemos assistindo filmes de fantasia em que pode dar tudo errado, mas no fim as coisas se resolvem em um passe de mágica. Além disso, desde pequeno somos ensinados a acreditar em algo. E veja, como já disse anteriormente, não há problema nisso. O fato é que muito do que precisa ser resolvido em nossas vidas, pode ser resolvido por nós mesmos.
2 – Se tentarmos resolver nós mesmos, temos que arcar com as consequências de nossas ações. Isso é difícil porque às vezes não sabemos quais são as possíveis consequências. Quando sabemos, encontramos a possibilidade das consequências não serem a que desejamos.

O que fazer então?

Existe um tipo de comportamento que eu considero mágico. Sabe qual é? É a ASSERTIVIDADE.
O comportamento ASSERTIVO é o ato de defender seus direitos, expressar suas opiniões, recusar pedidos, solicitar ajuda e atingir seus objetivos sem ferir os direitos e a dignidade das outras pessoas. Na internet é possível encontrar algumas dicas de como ser assertivo. Caso essa ajuda não seja suficiente, eu recomendaria você procurar um profissional.

E como a Psicologia pode ajudar?
A Psicologia pode te ajudar a tomar decisões, avaliar as possíveis consequências e amenizar as consequências negativas quando elas são inevitáveis.
O terapeuta, mais especificamente, o terapeuta comportamental possui estratégias que auxiliam nesse processo. Em terapia, a aprendizagem da assertividade se dá pelo treino assertivo em que o terapeuta vai ensinando algumas estratégias e fazendo algumas encenações de situações problemas que podem ser resolvidas usando-se a assertividade.

É importante considerar que vale a pena apostar na assertividade e procurar resolver seus conflitos e tomar decisões ao invés de esperar as coisas acontecerem “magicamente”. Talvez a consequência não será do jeitinho que você gostaria, mas dando certo ou não, você saberá que foi fruto de suas ações.

VALE TENTAR!

Sou Deivid Regis dos Santos, Psicólogo Comportamental e Mestre em Análise do Comportamento.
CRP: 08/21171
[email protected]
(43) 99938490

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